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Artigo 225, CF:

"Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações"

 

Toxoplasmose e a ética na propagação de informações

Andréa Lambert (andrealambert@terra.com.br

Médica-veterinária, presidente da ANIDA-RJ (Associação Nacional para a Implementação dos Direitos dos Animais) - http://www.animaisdecirco.org 

 

Renata de Freitas Martins

Jurídico Associação Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos

 

Tendo-se em vista a forte divulgação de informações preconceituosas e errôneas a respeito da toxoplasmose, imputando aos gatos toda a culpa por sua transmissão, abordaremos a seguir sobre o assunto, esclarecendo de vez certas lendas.

 

Toxoplasmose é doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. O parasita é capaz de invadir, naturalmente, qualquer organismo animal de sangue quente (homeotermos), nos quais se multiplica em ciclo assexuado. É parasita estrito do interior da célula (intra celular), e principalmente células do sistema nervoso central, endotélios e dos músculos estriados como o são aqueles esqueléticos e do coração (miocárdio).

 

Sua transmissão, diferentemente do que a cultura popular prega, não é dada exclusivamente por fezes de gatos [1]. Aliás, muito pelo contrário. O modo mais comum de transmissão da toxoplasmose é a ingestão alimento contaminado, principalmente carnes cruas e mal cozidas.

 

Quando um ser humano tem seu primeiro contato com agente causador da Toxoplasmose, ele pode desenvolver sintomas semelhantes aos de uma gripe, como dores no corpo, tosse, entre outros. As defesas do organismo costumam ser suficientes para conter o processo, embora pessoas com deficiências imunológicas (portadores de AIDS e câncer , por exemplo) possam desenvolver sintomas graves em função dessas infecções. O parasita pode ainda retornar caso a imunidade seja afetada no futuro. Após esta primeira infecção o indivíduo normal ganha imunidade contra a doença. 

 

O grande perigo da infecção ocorre quando uma mulher gestante entra em contato com o Toxoplasma pela primeira vez em sua vida e desenvolve a infecção, mas a mulher gestante pode se prevenir não comendo alimentos crus ou mal-cozidos, usando luvas ao fazer jardinagem (lavando as mãos depois) e limpar cuidadosamente o material que irá entrar em contato com carne crua, como a tábua de cortar carne.  É bom que a gestante possa saber se já tem ou não anticorpos contra a Toxoplasmose, até para poder regular o grau de atenção para as medidas preventivas. Isso se consegue por meio de um exame de sangue.  

 

 

Assim, a divulgação de informações de forma equivocada, além de ser prejudicial aos gatos, também faz com que a omissão na informação da transmissão por meio da alimentação, por alimentos como leite  em natura (sem pasteurização), verduras e carnes mal passadas contaminadas, que é a grande fonte de infecção, é um grande erro no ponto de vista sanitário e de saúde pública, pois nega à população uma importante informação para a prevenção da contaminação. Assim o preconceito sempre estará acima da verdade e informação.

 

Neste mesmo sentido discorre Nara Amélia da Rosa Farias, in “Toxoplasmose: Realidade e Preconceitos”, Revista Acadêmica de Medicina Veterinária da Faculdade de Veterinária- UFPel- v.01,n.02 , 02/2002:

 

"(...) ainda existe uma grave falta de informação entre os profissionais da área da saúde e, conseqüentemente, do público, quanto aos riscos de infecção dos humanos a partir de seu gato de estimação. Por isso, ainda são freqüentes recomendações preconceituosas e sem embasamento científico feitas por médicos e veterinários, quanto aos animais de estimação.

 

O conhecimento de características biológicas e epidemiológicas do parasita esclarece os verdadeiros riscos de infecção para o homem e os animais, tornando possível a recomendação de medidas realmente efetivas para seu controle."

 

 

Um trabalho de informação à população é fundamental para se esclarecer sobre a toxoplasmose e evitar a contaminação.

 

Aliás, sobre este assunto, muito bem nos ensina o insigne promotor de Justiça, Dr. Laerte Levai, em seu livro “Direitos dos Animais”:

 

“Não é justo discriminar os gatos pela transmissão da toxoplasmose, mesmo porque esses animais têm costumes higiênicos bem apurados (enterram nas próprias fezes e demonstram asseio corporal). O que pouca gente sabe, no entanto, é que os gatos – em regra quando pequenos – eliminam naturalmente o toxoplasma, ficando livres, em definitivo, do protozoário. A situação de penúria e abandono que, tantas vezes atinge os bichanos, fazendo com que eles precisem caçar para sobreviver, pode eventualmente trazer a doença. Nesta hipótese, medidas efetivas de conscientização ambiental e de posse responsável mostram-se fundamentais para enfrentar o problema”.

 

Portanto, pelo breve exposto, é notório que a contaminação de toxoplasmose por meio do contato com gatos é mais uma das maldosas lendas urbanas, e, infelizmente, adotada por muitos, e inclusive pela imprensa, que, infelizmente, deixa de cumprir seu próprio código de ética (art. 2º: “A divulgação de informação, precisa e correta, é dever dos meios de comunicação pública, independente da natureza de sua propriedade”).

 

Ética nos meios de comunicação é essencial para a correta disseminação de informações e conseqüente formação de uma sociedade com atitudes corretas e justas!

 

[1]  É importante salientar que o contato direto com o gato, não representa risco de infecção para o ser humano, pelos motivos a seguir expostos: - o período de eliminação de oocistos é muito reduzido; - os oocistos precisam de, no mínimo, um dia no ambiente para se tornarem infectantes e, portanto, o contato com fezes frescas não representa risco; - mesmo durante a eliminação de oocistos, os gatos geralmente não apresentam diarréia. Este fato, somando-se aos hábitos de higiene do animal, faz com que não permaneçam resíduos fecais na região peri-anal, nem em sua pelagem, eliminando o risco de infecção dos humanos que o acariciem; -  mordidas e arranhões de gato são improváveis formas de transmissão do protozoário, uma vez que, mesmo durante a fase aguda da doença, dificilmente existirão taquizoítos na cavidade oral do felino, e nas unhas, essa possibilidade é nula.

 

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