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Artigo 225, CF:

"Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações"

 

Jabuti

Sandro Secutti

Biólogo

 

Cláudia Araujo de Oliveira

Médica Veterinária 

          Sabemos que para o comércio ilegal de animais silvestres no mundo, em se tratando das aves, os papagaios (Amazona aestiva) estão no ranking das espécies mais traficadas no Brasil, no entanto o equivalente para o mundo dos répteis largamente retirados das matas brasileiras, esta os jabutis, também conhecidos por jabuti-piranga ou tartaruga-terrestre (Geochelone carbonaria). O Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos possui atualmente 15 exemplares em suas instalações. Na natureza vivem nas regiões norte e nordeste do país, podendo medir mais de 50 cm e viver até 80 anos de idade, no entanto quando adquiridos ilegalmente por pessoas sem total conhecimento, deixam de viver e passam a sobreviver por anos, pois esta espécie possui grande resistência as condições desfavoráveis, acabando por ter uma vida inadequada e falecendo precocemente. 

            É comum chamarmos qualquer animal que pertença à ordem dos répteis e que possua carapaça (ou casco) de “tartaruga”, porém não é bem assim, pois existem os cagados e tracajás, estes também denominados erroneamente por muitas pessoas. 

            Existem uma outra espécie de Jabuti que pode ser facilmente confundida com Geochelone carbonaria (Jabuti-piranga), cientificamente classificada como  Geochelone denticulata (Jabuti-tinga), vive nos domínios da floresta amazônica e  possui as escamas da cabeça e membros de cor amarela e não vermelhas como em G. carbonaria. Mas é verdade que quando ambas espécies não estão bem de saúde, desenvolvendo-se com deficiência alimentar ou mesmo enlameadas com a terra do próprio recinto, fica difícil notar tal dimorfismo entre as duas espécies. 

     CASCO 

            A parte dorsal é denominada carapaça ou casco, enquanto que a parte ventral chama-se plastrão. A primeira é uma estrutura formada pela fusão de “placas córneas”, ou denominadas também por “placas dérmicas” de origem epidérmica, com as costelas e vértebras de origem mesodérmica, juntas formam o casco, uma estrutura resistente e muito eficiente na proteção contra os predadores, enquanto que o plastrão é a fusão de placas dérmicas com a clavÍcola e interclavÍcola. Quem nunca viu um desenho animado com a tartaruga se escondendo dentro da sua carapaça protetora quando algo lhe incomodava? 

            Pois então, essa característica contribuiu para classificar a ordem Chelonia em duas subordens; Cryptodira ( crypto = escondido, dire = pescoço) quelônios que conseguem retrair a cabeça para dentro da carapaça, curvando o pescoço na forma de “S” vertical, enquanto que os Pleurodira (pleuro = lado) não conseguem realizar tal manobra, porém desenvolveram outro tipo de mecanismo protetor de injurias, retraindo a cabeça curvando-a lateral e horizontalmente na carapaça.           

            Os jabutis não trocam de pele como os lagartos e serpentes, pois o crescimento da carapaça se dá pela adição de queratina na superfície interna da cada escudo, formando as linhas concêntricas facilmente visíveis. Alguns pesquisadores afirmam que é possível determinar a idade do animal através da contagem destas linhas. 

     MAUS TRATOS

            Os Jabutis costumam ser comercializados ilegalmente para serem mantidos em jardins ou no quintal cimentado, porém o desconhecimento de muitos sobre a biologia e fisiologia destes répteis acabam resultando em mortes ou reduzindo o tempo de vida. Sendo que quando colocados para viver em jardins, muitos morrem afogados em lagos artificiais ou piscinas, pois não sabem nadar. Quando colocados em chão de cimento, danificam o plastrão, o que por sua vez facilita a entrada de hospedeiros como fungos e bactérias. 

            Dentre os maus tratos, inclui-se também a má alimentação, quase sempre  composta só por mamão e alface, acarretando em diarréia quando oferecido em excesso, isso quando não são oferecidos frutas e legumes estragados ou restos de comida, como cascas de frutas, que apesar de comerem são pobres em vitamina, causando a chamada avitaminose, ocasionando também num inchaço do globo ocular. Não é incomum observarmos em cativeiro o comportamento de coprofagia (comer fezes) devido à falta de higiene, pois o encontro com excrementos pode significar algo comestível, fato este não encontrado na natureza, pois o encontro com as fezes de outro animal é mais raro, uma vez que é decomposição é rápida. 

            Outro grande problema é a carência de cálcio e iluminação adequada, por se tratar de répteis diurnos, estes animais necessitam de raios “ultra-violeta B” (com exceção das serpentes) para sintetizar a vitamina D3, que conseqüentemente irá contribuir na produção de hormônios para a fixação do cálcio. Caso isto não ocorra, o animal irá apresentar uma descalcificação e raquitismo, levando ao aparecimento de casco (carapaça) mole e tremedeiras para sustentar o corpo na locomoção. Além da ausência de luz solar direta, o excesso de umidade também pode resultar no casco mole e com desprendimento dos escudos córneos, expondo o osso e sujeitando o animal à ação de bactérias e fungos.  

            Os répteis não sabem o que significa raio UVB, mas sabem que a luz solar produz calor para aquece-los até a sua temperatura ideal de atividade, processo este privado na maioria dos jabutis em cativeiro, por outro lado podem morrer de hipertermia (temperatura alta) se expostos ao calor continuo caso não haja sombra e água fresca disponível ou mesmo ficar doentes se submetidos a vários dias sob temperatura baixa (hipotermia), podendo ocasionar numa pneumonia e até a morte. Nota-se uma mudança de comportamento quando o jabuti fica com a cabeça posicionada pra cima, essa manobra é realizada para evitar que a secreção obstrua o canal nasal, dificultando a respiração. 

     DIMORFISMO SEXUAL 

            Os quelônios terrestres apresentam diferenças morfológicas quanto ao sexo, tal característica pode se observada no plastrão, pois os machos apresentam uma concavidade, a qual contribui para a cópula quando o macho monta na fêmea, formando um encaixe entre o casco curvado (convexo) e o plastrão côncavo. Mas tal dimorfismo sexual só é possível ser visto nos jovens com mais de três anos de idade, caso contrário podem ser confundidos com fêmeas. A maturidade sexual se inicia a partir do quarto ano de vida. 

     ZOONOSE

            Atualmente é conhecido somente um tipo de doença transmitida aos seres  humanos, conhecida como salmonelose, é transmitida por bactérias que podem causar febre, dores de cabeça e diarréia. Mas pra que ocorra tal transmissão é necessário que o animal esteja infectado pela bactéria e que as fezes contaminadas sejam ingeridas pela pessoa através das mãos sujas, sendo levadas até a boca ou por manuseio de alimentos.           

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