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Sobre a ASERG
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Maus-tratos a animais domésticos e abandono, infelizmente fatos tristes na região de Cotia ... Mais um caso de abandono por Patrícia Nikitin Marcondes, bióloga
Na madrugada do dia 26 de janeiro foi abandonado no portão do Rancho dos Gnomos um poodle macho, branco (?), adulto. A cor branca fomos descobrir mais tarde, depois de um banho para a retirada da enorme camada de lama, esgoto, carrapatos e pulgas que infestavam o animal. Havia também dentro de sua boca, berne. A situação que chegou era lastimável, mas recebeu todos os cuidados necessários. O animal estava em um estado deplorável; coberto por parasitas (carrapatos), desidratado e muito prostrado. Além das marcas deixadas pela enorme quantidade de carrapatos, ele também apresentava uma infecção de pele com presença de pus e um foco de bicheira na gengiva do lábio inferior. Todos os parasitas da pele foram retirados imediatamente, bem como as larvas da boca, para aliviá-lo de tal desconforto. Posteriormente o animal foi tosado, e tomou banho com sabonetes antissépticos. Ele foi acomodado em local aquecido e iniciou fluidoterapia intra venosa (soro), junto com a utilização de antibióticos fortíssimos, protetores hepáticos, glicose e vitaminas. Nos primeiros dias, ele se alimentava normalmente, porém a perda da movimentação dos membros posteriores parecia progressiva. Infelizmente após exames clíicos constatou-se cinomose. O animal não resistiu e infelizmente veio a óbito. Um fator importante para que o quadro dele piorasse foi a situação a qual ele fora encontrado. Sua imunidade já estava acometida para que o organismo dele reagisse a toda a medicação.Você deve estar se perguntando o porque da lama e esgoto. É que na região em que está localizado o Rancho dos Gnomos falta tudo, especialmente por um enorme descaso da administração local. Falta saneamento básico no entorno, o esgoto corre a céu aberto, num total descaso com a saúde pública. Existe muito lixo espalhado pelas ruas, o que torna claro a falta de informação e consciência no quesito ambiental tanto da população local quanto da administração municipal. Nos bairros próximos ao Rancho dos Gnomos a população não recebe nenhum tipo de ajuda, são esquecidos pelas administrações. Quando chove a situação fica ainda pior. A estrada de terra que dá acesso ao Rancho dos Gnomos nas chuvas fica inexistente, tomadas pelas águas do esgoto, lama e lixo. A equipe do Rancho dos Gnomos teve que aprender um outro caminho para chegar ao trabalho, passando por ruas estreitas e perigosas, mas em situações muito semelhantes. Vez ou outra para amenizar a situação eles passam uma máquina para assentar a terra, mas é só chover novamente que tudo volta a ser como antes. Acreditamos que se faz muito necessário um trabalho de educação ambiental para a população local. Mais necessário ainda é que as administrações municipais tracem um planejamento sobre o destino do lixo, com programas de reciclagem de materiais, gerando oportunidade de trabalho para os seus munícipes e diminuindo a depredação ambiental. Enquanto isso não acontece, os seres humanos e outros animais são prejudicados com a situação. Como no caso do nosso poodle, que foi abandonado por pessoas que não tem consciência do crime ambiental que cometeram, pois infelizmente depois de todo o esforço da família Rancho dos Gnomos ele veio a óbito no dia 07 de fevereiro. Emergência tumor
por Silvia Pompeu, fundadora do Rancho dos Gnomos
Há
aproximadamente 1 ano, acolhemos dois cães (mãe e filho) que abandonados
vagavam pela região onde fica o Rancho dos Gnomos. Muito
arredios e desconfiados, não se aproximavam de maneira alguma, sendo
assim, começamos a alimenta-los todos os dias, mais eles só apareciam
durante a noite. Este
processo durou 6 meses e a cada dia o estado de saúde do macho se
agravava, pois sarna e micose tomava todo o seu corpo. Certa
noite, montamos uma gaiola de contenção e conseguimos pagá-lo. Começou
um longo e intensivo tratamento.
Como ele ficava preso, sua mãe um pouco menos arredia, aparecia a
noite e dormia a seu lado. Foram
meses neste ritmo, até que ela se deu por vencida e percebendo que só
queríamos ajuda-los, se aproximou para um rápido carinho. Ganharam
os nomes de “Meninão e Meninona” e finalmente entenderam que aqui
seria seu novo lar. Foram tratados, vermifugados, vacinados e esterilizados. Em
janeiro de 2005 um tumor de mama surgiu e rompeu-se da noite para o dia.
Foi aí que a Dra. Renata Achkar, médica veterinária e uma
excelente cirurgiã, levou meninona para retirada do tumor, cirurgia feita
voluntariamente na UNIBAN (Universidade Bandeirantes). Meninona
se recuperou rapidamente e hoje vive tranqüila com seu filhão, cercada
de muito carinho. O
Rancho dos Gnomos agradece a dedicação da Dra. Renata e apoio da UNIBAN. Sociedade Negligente por Silvia e Marcos Pompeu, fundadores do Rancho dos Gnomos 12/02/2005
foi um sábado bastante agitado e triste para o Rancho dos Gnomos. Agitado
pela correria de emergência e triste pela situação em si. Ao trafegar pela rodovia Raposo Tavares, em Cotia, presenciamos um tumulto na pista, carros freando, desviando, desacerelando, quando reparamos um cachorro que desesperadamente e sem rumo tentava atravessar.
Muito
assustado, magro, debilitado e com a pata traseira direita decepada. Paramos imediatamente o carro em um posto e atraímos o pobre animal que se aproximou muito desconfiado, se arrastando e se contorcendo todo, num claro gesto de extrema submissão.
Neste
momento fomos observados por centenas de pessoas num frenético vai e vem.
As expressões de nojo, repulsa e aversão ao ver aquela miserável
criatura se arrastando com o que restou de sua perna e sendo comido vivo
pelos bichos, estava estampado em suas caras.
O olhar de curiosidade dava lugar ao descaso e a inoperância de cada um.
Trouxemos
o animal imediatamente para o Rancho dos Gnomos e após oferecer água e
comida, nos encaminhamos para a clínica Loving Pets, que como sempre, nas
emergências, o Dr. Márcio Biaggio nos atendeu prontamente. Foi
diagnosticado e removido uma profunda bicheira (miiase) instalada no que
restou de sua pata, os ossos que estavam aparentes foram retirados. Como
o animal está em péssimo estado nutricional, foi sugerido que após
algum tempo de intensos tratamentos e alimentação adequada, será feito
a amputação total desta pata, pois, no estado de saúde em que se
encontra, seria muito arriscado submeter este animal a uma cirurgia. Ficamos
ainda mais chocados, pois foi constatado que provavelmente este animal
tenha sido atropelado há aproximadamente uma semana. É
inacreditável, Cotia é uma cidade de 180 mil habitantes, como pode ninguém
ter socorrido este animal!!! Estamos
vivendo em uma sociedade omissa e negligente com situações que
acreditamos não nos pertencer. Esquecemos,
que casos como este são gerados pela própria sociedade que fazemos
parte. Fazer
"caras e bocas" diante de situações como estas, apenas reflete
o quanto estamos distantes do nosso próximo, seja este próximo
pertencente a que reino for. Como
desejar uma sociedade mais justa e menos violenta, se somos alheios ao
sofrimento do mais fraco??? Como
pedir PAZ, se decretamos guerra a todo instante??? Como
exigir direitos, se não cumprimos com os nossos deveres como cidadãos??? Como
sonhar com um futuro mais promissor, se não transformamos o real
pesadelo??? Como
querer um braço amigo, se cruzamos os braços diante dos outros??? Como
esperamos evoluir como espécie, se não toleramos outras espécies??? Como
chegar há algum lugar melhor, se não temos coragem de dar o primeiro
passo em busca do melhor??? Como
superar nossas dificuldades se não estendemos as mãos aos que passam por
dificuldades??? Como
vencer, se não nos importamos com os derrotados??? Como
se auto denominar racional, se agimos com total irracionalidade??? Como
conquistar respeito, se não exercitamos o respeito??? Como
querer justiça, se somos injustos??? Como
se manter saudável, se somos coniventes com a dor??? Como
buscar soluções, se fazemos parte do problema??? Enfim,
como viver bem, sem fazer o bem??? Não
toleramos, não respeitamos, não amamos. Refletir
e avaliar nossas
ações é o melhor caminho e de nada adianta seguir um caminho sem
verdadeiras ações. Certamente
este cachorrinho irá se recuperar e quem sabe, voltar a confiar no SER
HUMANO. Somos eternamente gratos à DEUS, por nos permitir realizar a difícil, árdua, mas gratificante tarefa de salvar vidas. Violência animal X violência humana por
Silvia e Marcos Pompeu, fundadores do Rancho dos Gnomos No
mesmo sábado, 12/02/2005, algumas crianças com semblantes estarrecidos,
que moram próximo ao Rancho dos Gnomos, trouxeram para os nossos cuidados
um lindo gatinho de olhos azuis, mas lamentavelmente mais uma vítima da
“ignorância humana”. Relataram
que o gatinho havia caído em um quintal e fora atacado por um cão
Rotweiller, e mesmo machucado conseguiu fugir do cão, retornando ferido e
apavorado para sua casa, onde foi brutalmente golpeado com um pedaço de
pau pela sua suposta “proprietária”. Com
um golpe preciso, esta “fulana” lesionou a coluna do animal, que se
arrastando, sem qualquer movimento das pernas traseiras, foi para rua,
fugindo desesperadamente de tanta crueldade. Crianças
de longe observavam a terrível cena, totalmente impotentes. Ao
perceberem o animal na rua, o pegaram imediatamente e vieram até o Rancho
dos Gnomos pedir por socorro. O
gatinho, muito machucado, assustado e depressivo, recebeu os cuidados
necessários pela competente e dedicada equipe da família Rancho dos
Gnomos.
Após
exames e Raio X, foi constatado além de fratura de coluna, uma bicheira
na base de sua cauda, bexiga e intestinos comprometidos, animal examinado
pelo DR. Márcio Biaggio, da clínica Loving Pets (www.lovingpets.com.br).
No
dia seguinte, domingo, logo pela manhã, fomos averiguar a veracidade das
informações acerca do fato. Chegando
no endereço indicado, constatamos uma humilde moradia onde o gatinho
morava e encontramos uma família composta por pai, mãe e um casal de
filhos pequenos, além de mais um gato e um cachorro. Levantamos
por meio da vizinhança uma realidade muito pior do que estávamos
imaginando. Foi
relatado que a “mãe”, sempre aos gritos, espancava os animais e os
filhos, as crianças contendo cicatrizes profundas pelo corpo, pois
apanham de fio de arame, e são surrados quase que diariamente, sem que
ninguém saia em sua defesa. Mais
uma vez, vizinhança inconformada, mas totalmente omissa, sem saber a quem
de fato recorrer. Relataram
também que, por várias vezes, falaram sem sucesso com o “pai” das
crianças, que, sorrindo, alegava ser os filhos de propriedade da esposa,
sendo assim ela poderia fazer o que bem entendesse com eles. A
sensação que sentimos no momento é inexplicável, um misto de pena,
raiva, repulsa, inconformismo, indignação, compaixão, culpa, impotência. Diante
de escabrosos relatos, mais uma vez se confirmando o estudo do Dr. Phil
Arkow “violência animal x violência humana” (texto
contido no boletim nº 8). O
Rancho dos Gnomos sempre comprometido com a vida de humanos e não humanos
entrou em contato imediatamente com a Polícia e o Conselho Tutelar, para
que tomem as devidas providências. Não
podemos permitir que esta barbaridade, esta covardia, continue sendo
cometida contra os indefesos. Este
submundo, habitado por uma sub-raça, tem que ser banido da Terra.
O Rancho dos Gnomos estará sempre atento com o compromisso de resgatar para a vida estas vítimas. | ||
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