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Artigo 225, CF:

"Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações"

 

BICHO-PREGUIÇA

     

Sandro Secutti

Biólogo

 

Cláudia Araujo de Oliveira

Médica Veterinária 

     Pertencentes ao mesmo grupo dos Tamanduás e Tatus, sendo classificados na ordem dos Xenartros, ou desdentados, também fazem parte desta mesma ordem as Preguiças. Embora pertençam a ordem dos desdentados, as preguiças possuem 18 dentes de crescimento contínuo, sendo 10 em cima e 8 em baixo, mas tais dentes são estruturalmente de difícil identificação como molares ou pré-molares, mas com certeza não são incisivos ou caninos. 

     Atualmente existem cinco espécies de Preguiças, divididas em dois ramos evolutivos diferentes, com os gêneros; Choloepus e Bradypus, o primeiro é representado pelas Preguiças didáctilas, com dois dedos nas patas anteriores, como a Preguiça-de-Hoffamann (Cholepus hoffomanni) e a Preguiça-real ou Unau (Choloepus didactylus), o outro gênero é representado pelas preguiças tridáctilas, só apresentam três dedos, pois os outros atrofiaram-se, sendo estas a Preguiça-comum (Bradypus tridactylus), Preguiça-de-coleira (B. torquatus) e a Preguiça-de-garganta-marrom (B. variegatus) a qual o Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos é depositária de um exemplar, é uma fêmea adulta e esta pesando cerca de 4 Kg, a Pagu (cujas fotos ilustram este artigo). 

     As garras das Preguiças desse gênero medem de 5 a 6 cm de comprimento e são achatadas lateralmente, ficando em posição paralela. Quando estão no solo e são atacadas por um predador, servem como potentes armas de defesa, porém para se locomover, acabam arrastando o corpo com dificuldade, pois evolutivamente foram adaptadas para a locomoção entre os galhos das árvores.  

     Digestão lenta 

      São animais herbívoros, devorando diversos tipos de folhas, mas como este alimento possui baixo valor nutritivo, as Preguiças precisam ingerir grandes quantidades para suprir as necessidades diárias. Além disso, selecionam as folhas mais novas por serem mais nutritivas, sendo esta uma das razões pela qual encontramos somente as Preguiças em regiões de floresta tropical, pois são habitats com abundância de alimento durante todo o ano. 

     A digestão é lenta, semelhante a dos ruminantes, possuem um estômago volumoso constituído por diversas cavidades, nas quais ocorrem a fermentação. Com longos membros anteriores e munidos de garras em forma de gancho, conseguem agarrar e aproximar o galho com as folhas e frutos até os lábios. Apreciam especialmente as folhas de Embaúba (Cecropia), mas ao contrário do que muitos imaginam, as Preguiças possuem um cardápio variado, sendo que animais observados na natureza, comeram diferentes folhas de 26 espécies de árvores. 

      Quando estão com estômago cheio, pesam cerca de um terço a mais do que quando estão de estômago vazio, correspondendo 30% da massa  corpórea. Devido a uma dieta pobre em calorias, seu metabolismo basal é muito lento, resultando dessa forma nas funções vitais como a gestação, digestão e respiração, esta última executando de 7 a 8 movimentos por minuto. 

      Em média sua temperatura corpórea está em torno de 32ºC, mas entre o dia e a noite pode variar 3ºC, ou mais se fizer frio. Comparado com outros mamíferos, à temperatura média é baixa, com um ritmo de vida pouco movimentado, podem estar ativas a qualquer momento do dia, mas passam de 14 a 24 horas descansando, sendo mais freqüente as atividades durante a madrugada. As de três dedos são ainda menos ativas que as suas parentes de dois dedos. 

      Após ingerirem as folhas, estas são lentamente digeridas e assimiladas pelas bactérias e protozoários, mas essa lentidão é muito relativa, pois este fato depende muito das espécies de folhas que foram ingeridas e sua quantidade. Isso se deve ao fato de cada animal ter individualmente seus hábitos alimentares limitados, ou seja, durante os seis primeiros meses de vida, cada preguiça desenvolve seu próprio "gosto", o qual é influenciado pela mãe. Esse processo adapta os microrganismos de seu tubo digestivo a especializar-se em certos tipos de alimentação, tornando difícil a mudança em cativeiro. Motivo pelo quais muitos animais acabam morrendo, mesmo com o estômago cheio, pois estavam habituados a digerir determinados alimentos. 

      As Preguiças nunca bebem água. Não procuram água para saciar a sede. Estes animais necessitam apenas de algumas gotas de orvalho que estão sobre as folhas ou mesmo a própria água contida nas folhagens para se satisfazer. 

      Devido ao lento processo digestivo, as Preguiças só descem das árvores para defecar. Estas incursões ao solo só acontecem mais ou menos a cada 8 dias, quando descem junto ao tronco de onde esta. Ao chegar no solo escavam um buraco com a pequena cauda, depositando os secos excrementos, mas também podem descer das árvores para atravessar um rio a nado ou mesmo mudar de árvore, caso não consiga através dos galhos, pois estes devem preferencialmente possuir pelo menos 10 cm de diâmetro para servir como um bom apoio, independente da altura onde estejam.

     Mimetismo 

       A densa e áspera pelagem das Preguiças possuem sulcos e fissuras, que favorecidas pelo ambiente úmido das florestas tropicais e semitropicais resultam em um ótimo local para as algas microscópicas (microflora) se instalarem, resultando em um mimetismo* diante da densa folhagem, pois a pelagem adquire um tom verde-azulado, devido às numerosas algas verde (Trichophilus welckeri) e azuis (Cyanoderma bradypi). 

      Tal mimetismo aliado à sua própria inatividade durante o dia, contribuem para a sua proteção contra os predadores, sendo difícil de visualiza-las nas copas das árvores.

      Entre os predadores das Preguiças, estão os felinos como a onça e jaguatirica, entre os répteis as Jibóias e talvez o mais feroz e temível, a Harpia (Harpia harpyia), a maior ave de rapina da América do Sul. Imaginem tamanha agilidade e força para arrancar uma Preguiça em pleno vôo? Em seguida carrega-la até o ninho onde bocas famintas o esperam. Como as Preguiças costumam pernoitar nas copas mais altas da floresta a procura dos primeiros raios de sol pela manhã, para se proteger do frio, estas tornam-se facilmente visíveis para a ave, sendo as primeiras horas do dia, o período mais vulnerável para os Bichos-preguiça. No entanto as Preguiças possuem uma caixa torácica robusta coberta por uma pele duríssima que protege os órgãos vitais, dificultando a captura e morte pelas garras da águia, mas esta não é uma característica exclusiva das Preguiças, mas sim do grupo Xenartra.

(* Mimetismo: capacidade que um animal tem de se confundir com o ambiente)

      Ectoparasitos e Zoonose 

        Além das algas, a pelagem das Preguiças também serve de alimento para os clássicos ectoparasitos, como carrapatos e insetos picadores, no entanto, não são encontradas pulgas, pois estas necessitam para seu ciclo vital que o hospedeiro tenha um ninho, visto que as preguiças não nidificam, e desse modo não são bons hospedeiros. 

      As pesquisas médicas descobriram nas diferentes espécies de Preguiças vírus de algumas encefalites ou de febres hemorrágicas, mas aparentemente estes animais são portadores sadios, não manifestando a doença como por exemplo à febre amarela. O protozoário que causa a leishmaniose pode ser encontrado juntamente no sangue de Preguiças, sendo picadas pelo mosquito-palha, estes podem transmitir a doença para o homem ou animais. A leishmaniose possui duas formas; visceral ou cutânea, a primeira provoca anemia, espessamento do fígado e do baço, podendo ser mortal, já na forma cutânea apresenta em forma de grandes lesões na pele, no entanto é mais fácil de curar. 

  

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